GUINÉ-BISSAU: O QUE É PRECISO FAZER?

cropped-cropped-cropped-ussu-11.jpgHá quem diga, convictamente, que este comboio perdeu o fio condutor com a demissão do primeiro governo da presente legislatura. Para mim, tenho que é minimalista demais essa afirmação. Os (e)ventos pós Cacheu anunciavam claramente que a maquina que se preparava para o dirigismo nacional carece de preparação para os desafios que o país nos colocava à todos com as últimas eleições gerais; os sintomas da divergência interna do maior partido do país eram apenas um sinal, mas muito ignorado.

O slogan «pensar positivo» parecia castrar a nossa inteligência. O homem guineense se recusou pensar diante do desejo ensurdecedor de sair da transição política provocada por golpe de estado que afastou o tirano e ditador Carlos Gomes Jr do poder. Há quem ainda vê nessa manifesta vontade como forma de sancionar os golpistas e fazer a justiça democrática. Até certo ponto, o povo tinha razão, porém nada em democracia justifica a subversão da ordem constitucional, mas nenhuma circunstância devia patrocinar a irracionalidade. Tinha para mim – na altura – de que o melhor que sair é saber para onde ir. Era evidente que o país tinha muitos deveres de casa para fazer; era notável que a unidade nacional estava gravemente ferida com o golpe de estado, o próprio PAIGC que desfilava como ganhador nato estava arrebentado pela costura e o problema da revisão constitucional e da lei eleitoral entre outros assuntos importantes, mas me parecia que a vontade pela solução circunstancial falava mais alta do que a duradoura. O último exigia pensar, mas o país inteiro acreditava, talvez, que o milagre resolveria o nosso problema e à nós éramos só obrigados a tocar a bola pela frente. Como uma vez disse eu, “Apostar nesta máquina foi um erro crasso com a qual teremos de conviver até o fim da presente legislatura. Não há cura a esta praga, infelizmente”.

Ora, vivemos num clico conturbado; a ganância, a estupidez vontade de vencer a todo o custo adversário, patrocinada pelo orgulho de afirmação do ego e a gritante ausência do espírito patriótico tem movido, infelizmente, os protagonistas desta crise, começando por partido de Amílcar Cabral, a verdadeira colmeia da nossa desgraça. E, perante o andar das coisas, a pergunta mais sensata que encontrei é: o que é preciso fazer?

Chegamos todos nos limites da nossa paciência; a sociedade civil, embora dividida, já revelou a sua insatisfação e a comunidade internacional, também, ainda que, vá que não vá, mas se demonstrou cansada. Esta crise estúpida desgastou-nos a todos, sem falar no tempo perdido nos debates fúteis que só prejudicou o país. É chagada a hora, alias, diria até que é passado o tempo de reconsiderarmos pelo que combatemos uns e outros; de nos conversarmos, como há muito tempo vim apelar, dentro dos limites da verdade, assim procuramos a forma de sarar as mágoas que existem entre nós e juramos juntos viver e morrer pela Guiné-Bissau, só.

A Guiné-Bissau necessita urgentemente duma kadjiguê, o espaço onde abertamente cada um vai jogar as suas cartas na mesa, sem pretensão de nos enganar, com o puro intuito de convergir nossas posições, sejam elas ideológicas ou de que motivações forem, para assim definirmos uma “Guia Nacional Alternativa” capaz de catapultar o país e orienta-lo para o desenvolvimento. Porém, só criando espaço para um debate inclusivo e produtivo poderemos encontrar o norte. Chega de nos culpar, embora não significa o indulto aos pecados do PAIGC que levaram e continuam a levar essa nação ao abismo. Ele haverá de pagar pelo seu pecado à seu devido tempo, mas o momento urge encontrar o caminho e, para isso, até ele é indescartável, (in)felizmente!

Para os que ainda elegem as eleições como soluções, num gesto caridoso de refrescar suas memórias, lembramos que em apenas 22 anos, se balizarmos entre 1992 à 2014, o país conheceu 8 ciclos eleitorais (1994, 1999, 2004, 2005, 2008, 2009, 2012 e 2014) e nenhum deles resolveu os graves problemas da cíclica instabilidade política governativa, só.

Portanto, acredito que sem uma profunda “autocrítica nacional” estaremos em 2018 e 2019, com a eleição legislativa e presidencial respectivamente, forjar o país para mais um julgamento político e democrático cego, cujo porto de chegada as lições do passado devem-nos ilustrar. Não há mágica na política e muito menos nas acções produtoras do desenvolvimento sustentável. A prudência é a nossa única salvação!

 

 

Uma resposta em “GUINÉ-BISSAU: O QUE É PRECISO FAZER?

  1. É verdade irmão, o nosso povo não merecia esse sofrimento. O povo enganou-se muito por ter acreditado nas pessoas de serventías ultramar que jà nem se tratam a sí mesmo como cidadãos dos países onde tinham nascidos​. Estes espertos cuja espertíse é estrangeira carecem a realidade que país necessitate.

    Curtir

Deixe um comentário