Notas soltas: DSP encurralado pela oposição?

Escrevi no decorrer da legislativa que o PAIGC precisava ganhar com absoluta para garantir a certeza da continuidade do seu governo e, ser ele mesmo o garante da própria estabilidade política e governativa, o que não foi o caso. Para piorar o DSP viu seu nome rejeitado à liderança do governo e, no uso do seu último cartucho, se viu romper o “pato” com o seu mais importante aliado dos últimos quatro anos, o Eng. Cipriano Cassama eestá na eminência de perder a aliança com o Nuno Nabiam, outro importante aliado para a continuidade do governo do partido que lidera porque ambos parecem estar a fazer o jogo da oposição. Se quiser entender a motivação desse “êxodo” entre aliados, a derrota do Cipriano no Comitê Central e a “armadilha” para a sua não reeleição como presidente da ANP são as respostas, e quanto ao Nuno fala-se de um suposto “acordo” violado com a apresentação do DSP às presidenciais.

Atingido por ameaças, o PAIGC demonstra não estar confiante na aprovação do seu programa de governação, aliás a correlação de forças exibida na última sessão parlamentar indica claramente que, se tudo manter com estava, o governo liderado por Aristides Gomes está com dias contados: ou cai pela reprovação do seu programa, ou pela moção de censura por causa do escândalo de droga a que se viu mergulhado. Fato que se consumar abrirá outra crise em torno da competência do Chefe de Estado: se vai puder ou não efetivar a queda do governo e a nomeação do (governo) da oposição.

Entretanto, politicamente, o DSP não tem espaço para “confrontos”. Se quiser jogar tem que saber (re)negociar!

É claro que a guerra a oposição é afastar o PAIGC do governo e consequentemente da organização do pleito e, desta, ganhar a eleição e, deste modo, afastar o DSP do comando da narrativa política nacional. Ou seja, o alvo da oposição é o DSP e a este não é dado ao luxo de falhar mais do que tem falhado!

Notas soltas

Sabemos que o partido no poder, que por sinal mais governou a Guiné-Bissau, não é soluções para os problemas que o mesmo nos colocou, e não é menos verdade que, precisamos experimentar uma (nova) alternância, porém há sempre uma pulga atrás da orelha, convidativa, à uma reflexão e, se for menos partidarista, melhor ainda:

– Perante o atraso do ano letivo o que a oposição tem nos apresentado em relação à caótica situação do nosso sistema de ensino e aprendizado, que não seja críticas, alias ataques apenas?

– Diante à apreensão de quase duas toneladas de drogas, nomeações sem critérios de conselheiros e emissões de passaportes diplomáticos em que o atual governo está “metido” e que lesam sobremaneira a respeitabilidade internacional da Guiné-Bissau, o que a oposição tem nos apresentado em matéria de combate a tráfico de entorpecentes, banalização das nossas instituições e duma diplomacia capaz de restituir a dignidade do país perante o mundo, que não seja só ataques e as vezes até baboseiras?

– Já vai o tempo legal de o governo apresentar seu programa e orçamento aos deputados para o efeito da aprovação ou não, mas o que a oposição, esfomeada “atacar” uma eventual proposta do governo, tem nos apresentado como soluções para os diversos problemas do nosso quotidiano político, social, econômico e cultural?

Não ausência de resposta clara da parte da nossa oposição, em que o meu partido é também parte, não é justo alertar-nos que: MAIS DO QUE ALTERNÂNCIA A GUINÉ-BISSAU PRECISA É DUMA ALTERNATIVA?

Vamos refletir juntos sem partidarismo cego, claro!

ELEIÇÃO LEGISLATIVA: Que lição política?

Este artigo visa apenas o exercício em torno das lições que, politicamente, podemos tirar dos resultados da eleição de 10 de Março. A primeira grande lição é que o povo guineense mais uma vez colocou os nossos partidos e políticos na posição, imperativa, de se dialogarem em busca de condições que possam permitir uma efetiva paz e estabilidade política e governativa, para isso penalizou uns (os tradicionais grandes partidos) e deu oportunidade aos outros para se unirem à esse desafio, o de estabilizar o país e arranca-lo para o progresso.

1 – PAIGC, politicamente, o grande “perdedor”?

Ainda que venceu as eleições legislativas de 10 de Março com 47 mandatos, o Partido Africano de Independência da Guiné e Cabo Verde foi o que, politicamente, mais “perdeu”. Se não vejamos: A atual direção do partido, na oitava legislatura, herdou-o com 67 assentos no parlamento tendo na sua primeira prova eleitoral perdido 10 deputados (de 67 à 57) à favor da oposição na nona legislatura e, na sua segunda prova, perdeu mais 10 mandatos colocando-o à 47 deputados na décima legislatura. Se queremos entender esse fenômeno olhamos para os acontecimentos pós-Cacheu e a dissidência G-15. Com os resultados hoje anunciados, sem o apoio político (acordo de incidência parlamentar) com o APU- PDGB o PAIGC já estaria na oposição o que consubstânciaria o suicídio político de Eng. Domingos Simões Pereira que tinha anunciado que sem uma maioria absoluta renunciaria do seu cargo do Presidente do partido. E agora?

2 – Partido da Renovação Social, outro grande “perdedor”?

O PRS foi a grande surpresa do pleito: perdeu a sua tradicional liderança da oposição. Desde abertura democrática em 1994, o PRS sempre liderou a oposição com, as vezes, uma ligeira oscilação porcentuais em termos de resultados e espaço no parlamento; espaço este que cedeu ao MADEM-G15. A atual direção dos Renovadores assumiu o partido com 21 mandatos; na sua primeira embate subiu para 41 (sempre na liderança da oposição) e vai para a décima legislatura com 21 assentos, ou seja o Alberto Nambeia vai deixar a bancada parlamentar do PRS exatamente como a tomou. Se queremos entender como foi que chegou a esse ponto vamos olhar para o cenário pós golpe de Estado de 12 de Abril, governo de transição, o surgimento da APU-PDGB e o fenómeno MADEM-G15. O Alberto Nambeia apesar do sucesso eleitoral na nona legislatura é também, sem dúvidas, o outro grande perdedor do pleito.

3 – MADEM-G15, um novo fenômeno político?

O surgimento do Movimento para a Alternância Democrática e os seus antecedentes foram, sem sobra de dúvidas, o cenário mais controverso da nossa jovem democracia. Se queremos compreender as motivações do seu surgimento vamos analisar o Congresso de Cacheu e a gestão dos seus resultados no partido Libertador, o primeiro governo da nona legislatura, o chumbo do Programa de Governo de Carlos Correia, a “perda” de mandato dos 15 deputados dissidentes e suas expulsões na fileira do PAIGC. O MADEM-G15, como partido, entrou no embate político há oito meses tendo como o seu maior adversário o seu partido de origem (o PAIGC) mas acabou por infligir a maior derrota ao seu aliado (o PRS), tirando-o da tradicional liderança da oposição e, politicamente falando, passou na primeira prova frente ao PAIGC. Não podemos negar que o MADEM-G15 entrou para história como partido político e, certamente, vai protagonizar a oposição guineense durante a décima legislatura. Para um partido novo (de apenas 8 meses) não deixa de ser uma grande vitória embora se viu frustrar o seu maior desafio, o de colocar o PAIGC na oposição. Mas quase conseguiu se não fosse o fracasso do PRS e a injeção política do APU-PDGB ao PAIGC.

4 – APU-PDGB, menos que a expectativa?

Para mim, embora conhecedor do nosso mapa geo-eleitoral, a APU-PDGB me surpreende por dois motivos: 1° esperava que a imagem do seu presidente Nuno Gomes Nabiam e os resultados que alcançou no último embate (presidencial) refletiria na sua conta na legislativa de 10 de Março; 2° ao atingir 5 mandatos. Sinceramente, eu não sabia o que dar à APU-PDGB nessas eleições. Por um lado olhava os resultados do Nuno Nabiam (2014) e por outro a suposta base eleitoral que ia disputar com o PRS aonde este tinha histórico de não partilhar. Não posso negar que estava equivocado em relação a APU-PDGB. Tinha noção que ia eleger mas 5 mandatos, sinceramente, não imaginava. Em todo o caso a APU teve boa prestação.

5- PND, UM e PCD, novidades e decepção?

O PND e UM não trouxeram, da nona legislatura, nenhuma surpresa porque não passaram do antigo resultado (1 deputado por cada), mas o mesmo não se pode falar do PCD que na nona legislatura tinha 2 mandatos e acabou ficando de fora na décima legislatura. Se almejamos entender o levou o PCD a esta drástica situação revisitamos os dramas da nona legislatura e os posicionamentos das suas principais figuras: Vicente Fernandes e Victor Mandinga. Crise está que acabou ditando o afastamento do “Nado” Mandinga do partido. Ou seja, o “Nado” saiu e saiu com os seus deputados.

Para terminar, estamos perante uma situação frágil e que cobra de todos o bom senso, o sentido de abnegação e de compromisso para com a Guiné-Bissau.

Apenas minha opinião!

 

OS ASSASSINATOS: Crônica de um dia triste.

Naquela tarde estava na casa da minha mãe em Caliquir, nos arredores do quartel general, quando escutamos a explosão. Por uns instantes interrompemos a conversa e, recompostos do susto, disse que devia ser o pneu de carro ou uma coisa parecida. Continuamos a conversa para minutos depois a mãe, preocupada como sempre, me dizer “vai para casa que já está a anoitecer”, me despedi e fui. No táxi escutei o comentário de um passageiro dizendo que explodiu alguma coisa no Estado Maior e que estava um fuzuê e um “Deus nos acode” danado por aquelas bandas. Comentei que também tinha escutado a explosão e que achava se tratar de um pneu de carro, o taxista diz ouvir que havia um óbito e, até aquele instante não se sabia de quem se tratava. Logo em Pefine cruzamos com ambulâncias apressadas e mais adiante a caravana presidencial. Tudo parecia coisa séria.

Fui logo para a casa da minha irmã e esta me informou que o pai tentava falar comigo e não conseguia e que era para não sair de casa que a situação não estava boa. De boca em boca começava a falar da suposta “eh mata Tagme” e as rádios só emitiam as tradicionais músicas quando o país não estava nos seus bons dias e uns até estavam fora do ar. Era uma noite tensa para quem estava em Bissau, a igual passava haviam cinco anos com os assassinatos do então Chefe de Estado Maior general Verissimo Correia Seabra e Coronel Domingos de Barros. À noite adentro seguiam ondas de tiroteios de AK e bazucas e não se sabia era quem contra quem, a cidade estava acordada e cada família fazia planos de fuga se a situação continuava até amanhecer, lembrava-se o 7 de Junho de 98. No meio da madrugada liguei para a minha mãe afinal ela morava uns quarteirões do Estado Maior e tudo que ela sabia era de que cercaram a residência do Presidente Nino Vieira, olhei para o meu pai e falei, ” o Nino”.

De manhã a cidade de Bissau estava inquieta, silenciosa e com medo, a única que se sabia de informação era a reportagem do jornalista Califa Soares Cassama que a RDP África repetia incessantemente e que davam conta de que o Presidente Nino Vieira havia sido morto de madrugada quando tentava fugir da sua casa e do então primeiro-ministro tudo que se sabia era de que a sua residência estava protegido com “militares armados até nos dentes”, dizia a reportagem. Eram dez horas de manhã quando um comunicado do Conselho de Estado informou oficialmente a morte do Presidente da República e outro do Comando de Estado Maior sob comando de Zamora Induta apelando calma e dizia estar sob controlo da situação.

Nos dias seguintes choviam informações e especulações, umas atribuídas à “máfia colombiana” sobre a guerra para o controlo do tráfico na sub-região. Estava escrita em espanhol e tudo e outra falava numa suposta retalhação dos militares fiéis ao Tagme Na Waie e esta versão tinha como suporte a recorte duma comunicação de Tagme que alegava “sy nmurri parmanha, bu na murri ditardi”. Nunca na minha vida escutei tamanha MENTIRA como daquela vez!

Passados dez anos deste macabro assassinatos e apesar do “processo 10/2010” sob alçada do então Procurador Amine Saad tinha apontado os mandantes e os executores desses crimes nojentos e bárbaros, ainda continuam impunes. A Guiné-Bissau não se dignou a fazer justiça pela memória desses dois combatentes da liberdade da pátria que entre acertos e falhas nunca se resignaram perante as suas missões.

Descansem em paz, Generais!

Eleição legislativa: POR QUE VOTAR NO MGD?

1 – MGD representa uma nova geração de guineenses; aquela comprometida com a verdade, com a Guiné-Bissau, seu povo e seus desafios e disposto a ser a alavanca para o rompimento com o status quo: uma geração preparada e ambiciosa;
2- MGD ‘limpuz puz’ e nunca fez parte na desgovernação do País, no saque ao erário público e no empobrecimento dos guineenses;
3 – MGD é o único no cenário político atual com moral de dizer não matamos, não introduzimos e nem sustentamos a corrupção, o nepotismo, o facilitalismo, a intolerância e outros males que nos atormenta;
4 – MGD dispõe de um programa eleitoral que irá suportar sua ‘Moção Estratégica Global’ reslista, sem demagogias e nem utopias, que predispõe a solucionar os problemas que a Guiné-Bissau enfrenta com seguintes itens: – Uma política social que visa os problemas da educação, saúde, mulher, juventude, trabalho, segurança social e emigração; – Uma agenda clara para uma democracia política, estrutural e ordeira com foco na boa governação, direitos humanos e liberdade; na justiça, paz e defesa e numa política externa capaz de reconstituir a dignidade do ser guineense e retornar o País no concerto das nações; – Uma política do relançamento da economia nacional com prioridade nos sectores da energia, infraestruturas, agricultura, pecuária, floresta, recursos naturais; na indústria, pesca, comércio, transportes, telecomunicações, turismo e tecnologia com o objetivo do empoderamento econômico do homem guineense e o arranque definitivo do País; – Com forte engajamento na política do humanismo, sociedade e cultura virada para ao meio ambiente, cultura e desportos.
5 – MGD é a única alternativa, o único capaz de criar pontes entre a dividida família guineense e criar condições, sem falsa narrativa, para as reformas estruturais que se almeja para a paz e estabilidade política e consequentemente governativa de que a Guiné-Bissau precisa urgentemente porque, como disse, anós nô limpu puz! Vota MGD, Vota Guiné-Bissau!
Viva MGD! Anós nô limpu puz!

DECLARAÇÃO DE MILITÂNCIA E APOIO POLÍTICO AO MOVIMENTO GUINEENSE PARA O DESENVOLVIMENTO

 A mediocridade ameaça a nossa democracia da mesma maneira que faliu as nossas instituições e arruinou os pilares – a ética e a moral – que deviam sustentar o nosso Estado. É da nossa responsabilidade coletiva trava-la!
Os medíocres só tendem nos conduzir às suas lógicas minimalistas da realidade e dentro dos limites das suas abordagens se nos resignarmos. Daí que recusar as suas narrativas seria não só uma necessidade, mas também um grande serviço à sociedade e, quiçá à Nação. Portanto, para salvar o que nos resta da nossa democracia, não podemos permitir que os sem argumentos; gentes sem compromisso com a pátria e os seus desígnios e, os desonestos nos apontassem o caminho e/ou se apoderassem das nossas instituições e continuassem a conduzir as nossas vidas ao abismo. Recusar e repudiar essas tendências é o mínimo que podemos fazer.
Ciente das minhas responsabilidades enquanto cidadão e ativista político; dos desafios que o futuro da Guiné-Bissau nos coloca a todos, principalmente com as mudanças que se almejam com o escrutínio de 10 de Março e, consciente que essas transformações, sejam elas políticas, sociais, económicas e culturais não se conseguem tão-somente no âmbito do ativismo político apartidário, ainda que é no plano político governativo o espaço por excelência das grandes decisões, me sinto no dever que sempre me interpela como cidadão de não cruzar os braços perante este período decisório da nossa vida comum enquanto guineenses que sonham com um país seguro e próspero; por um país onde é possível sonhar e realizar e um país que respeita, dignifica e valoriza o ser humano, através do mérito e do contributo que possa dar em benefício da sociedade.
Respondendo ao convite (e ao desafio) que me for formulado por meu amigo e irmão Umaro Djau, fundador e Presidente do projeto político que é hoje o MGD, decido com a total liberdade de consciência e altruísmo, militar no Movimento Guineense para o Desenvolvimento e defender as suas cores, as suas ideologias e os seus projetos políticos nos próximos tempos.
O MGD representante a aspiração da juventude guineense e inspira a confiança política de uma forma genuína, com um sustento Republicano e Democrático que tem encarregado o debate nacional desde a sua fundação e, também, pelo conteúdo realista que assumiu, no seu programa eleitoral, o “Kaminhu pa Kumpu Terra” que irá sustentar uma parte da Moção Estratégica Global da Governação (2019-2030) preconizada pelo partido.
Viva MGD! Anós nô limpu puz!

Guiné-Bissau: De país real à futuro – Crônicas duma nação assombrada!

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Oficialmente mais de duas dezenas de partidos se lançaram a corrida, com a entrega de candidaturas, às eleições legislativas de 10 de Março. Definitivamente à semelhança de quase todos os ciclos eleitorais experimentados a Guiné-Bissau novamente se investe, sem diminuir as margens de risco, para mais uma legislatura. Legislatura esta que tem tudo para ser mais um azar. Não canso de alertar de que “melhor que sair é saber para onde ir” e, nós não sabemos para onde vamos, ou sabemos e fingimos para não termos que remar. Partindo do seguinte:

i) – Com um PAIGC profundamente atingido com a erosão G15 que, sobremaneira, mexeu com as suas bases eleitorais mas que depõe 57 mandatos da legislatura ora terminada e, no fim, em consequência da sua crise interna o obrigou a perder, democraticamente, a legitimidade política e governativa acabando por parar na oposição. Mas que continua, pelo menos politicamente, dominando a narrativa apesar da sua demagógica e desajustada – à nossa realidade – literatura do desenvolvimento, contando com o grande apoio da comunidade internacional, embora este último não conta muito no terreno, talvez só na manipulação do escrutínio.

ii) – Com um MADEM – G15, fruto das expulsões e suspensões do PAIGC, que ostenta as bases eleitorais subtraídas do seu partido-mãe mas que carece duma proposta política e governativa clara capaz de apresentar alternativas às sucessivas desgovernação do maior partido do país e, que atua tentando dar respostas às “narrativas” do seu adversário direto numa autêntica declaração de “guerra” cujo fim está muito longe; um MADEM-G15 curioso e aventureiro que nem discurso tem e muito menos estar à altura de governar diferente daquilo que o seu partido de origem nos habituou. Francamente uma aposta arriscada. Isso só me lembra na aposta ao PRS vazio de 1999 e suas dramas.

iii) – Com um PRS confiante na sua tradição eleitoral mas falido, como sempre, de narrativa capaz de desconstruir a velha, vazia e demagógica narrativa do PAIGC, aliás um outro que vive atuar mancando as sombras deste como se dum predador que desconhece sua caça se tratasse. Um PRS que mais beneficiou da crise interna dos libertadores nos últimos anos e, mesmo não sendo o fabricante da crise mas se deixou tachado de tal; um PRS que também deu provas de ser igual que o PAIGC, que só faz discursos contra corrupção, nepotismo e banalização do Estado mas que nunca se afastou de praticá-lo quando é colocado a prova.

iv) – Com um APU que vive dos sonhos de conseguir a proeza que o seu líder teve na última eleição presidencial sem contar que o tabuleiro é outro mas, também, falido de novas abordagens e amarrado na sua psicodrama de fazer frente ao PRS no seu tradicional bastião por questões da solidariedade étnica. Um APU sem Kumba Yala para puxar o saco de Nuno Nabiam é um zé sem beira nem eira, um que não oferece grandes ameaças mas convencido embora desprovido de massa capaz de olhar e pensar “nnau, ku essis nô na safa” ou seja, APU – a imagem do moribundo PRID – só veio para puxar o nosso já puxado saco.

v) – E, com os restantes “pequenos” partidos, uns melhores que outros em termos de ambição e determinação em fazer face ao status quo mas que terão que disputar as bases eleitorais dos tradicionais partidos. Ainda sem meios à dimensão dos “grandes” partidos torna esta investida cada vez mais complicada. Destes partidos não temos muita queixa, só temos dúvidas.

Postos os cenários me levam a crer que estamos perante uma eleição indefinida, talvez a mais indefinida da nossa história democrática em termos de resultados, mas com uma quase probabilidade de não haver uma maioria absoluta. Daí a chapa fica quente só de pensar. Para evitar o mesmo descalabro da legislatura finda, o PAIGC tem que ganhar – se é que vai ganhar – com uma margem que o permite ditar a regra do jogo sem dependências, algo difícil e quase impossível no atual xadrez.

Em caso do PRS, MADEM-G15 e os seus aliados, juntos, se constituem a maioria dos assentos parlamentar é mais que óbvio que não perderão por esperar, apresentarão uma alternativa governativa porque jamais aceitarão o convite do PAIGC, caso ganhar, sendo eles na altura de ditar a regra do jogo.

E a estabilidade política e governativa que tanto nos deu falta na legislatura finda?

Olhando para o quadro vigente é de bom tom dúvidar que nenhum partido ou aliança pós-eleitoral será capaz de a criar e manter, o que me leva a concluir que estamos perante uma investida cega, estúpida e sem cabimento! Algo que pensando a Guiné-Bissau, sem remorso, perderíamos evitar.

Ora, depois deste episódio legislativo a chapa voltará aquecer e veremos se o Jomav sai ou não sai frito porque para ele, como para o PAIGC, o futuro ainda é bem sombrio! E, a Guiné-Bissau terá que esperar, infelizmente

Compreender as vicissitudes para melhor seguir em frente, nosso grande e eterno desafio.

O nosso problema reside em aceitar que afogamos no “kamblet” e cuja saída ultrapassa exercício político minimalista e/ou colocar as urnas às deposição dos votos, simplesmente. Os problemas que afligem-nos a todos já se enraizaram na própria estrutura do nosso Estado e minaram a sua essência tornando-o vulnerável às joguinhos inconfessos de grupos, daí que as formulas para as suas resoluções devem ser mais realistas possíveis. Sem querer ser pessimista, acredito convictamente que estamos prestes a inaugurar uma “nova” etapa da nossa cíclica e constante estúpida crise política que tem, sobremaneira, atrasado o processo do desenvolvimento do nosso País. Ninguém me convence o contrário! Basta ver o xadrez político vigente e compará-lo do panorama pós-golpe de 12 de Abril e Congresso de Cacheu; pós regresso de Nino Vieira e os seus contornos e pós afastamento de Kumba Yaya e os seus sintomas para entender o quão arriscado é, tentar, talvez cegamente, investir no pleito eleitoral sem unir uma classe política profundamente dividida num único sentimento que é a Nação. A Guiné-Bissau não merece! A Guiné-Bissau precisa é duma Moratória Nacional credível capaz de reconciliar sua família e criar condições para que o embate político partidário não seja entendido e encarado como uma “guerra” em que tudo vale para exterminar o adversário mas sim como meio de propor, através de debates de ideias e de projetos, nossas visões do desenvolvimento e, da qual só sai aquilo que o povo julgar melhor. Mas melhor que isso é que esse fórum seja capaz de incutir no homem guineense o sentido de abnegação e do compromisso para com a Pátria e os seus desígnios. Não podemos vencer o nosso inimigo comum – o subdesenvolvimento – exterminando uns aos outros pelo poder. No entanto é da nossa responsabilidade coletiva negar que a Guiné-Bissau se recai nos caminhos da sua tragédia! Alguém poderá dizer que é extemporâneo esse apelo, mas à ele digo apenas: NUNCA É TARDE PARA RECOMEÇAR!

TRIBUTO AO POEMÚSICO ERNESTO DABO.

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A tarde foi colorida. Colorida de emoções e poesias que, vindas de lugares distantes, se entrelaçam no mesmo nô, a língua e a cultura lusófona. É nesta mescla de amores, entrega e sentir que, na Associação Literária e Cultural da Oeiras, homenagearam numa belíssima tertúlia poética um dos mais Ilustre Senhor da nossa literatura bissau-guineense, o bolamense Ernesto Dabo. Na verdade essa não é a primeira vez desde que o Poeta, à par do “Mar Misto”, brindou-nos com o Olonko; um livro que o poeta Vital Sauane me murmurou ser uma “fonte de (re)encontro com as raízes”. Não seria essas raízes a casa que nunca sai do poeta mesmo quando, temporariamente, está longe dela? Pois. É esta mesma casa que assistimos hoje sendo exaltada através do seu filho Ilustre. Ernesto Dabo há muito que deixou de ser um simples ser humano, é uma grande parte, digamos um património,  da história cultural da Guiné-Bissau. Um património histórico e cultura vivo. Participou – se não fundou – os primeiros movimentos culturais do nosso país e, quer queiramos quer não; ele ainda em vida se eternizou ao lado do José Carlos Shwartz, do Aliu Bari e outros e, sem dúvidas, os pioneiros da modernidade cultural da Guiné-Bissau. Portanto, saldou a sua dívida para com a nação e não o contrário. Na sua fala o poemúsico disse sentir um misto de emoções ao saber que na Oeiras, aqui em Portugal, se eterniza o poeta Vasco Cabral ao lado dos grandes nomes da poesia e da literatura portuguesa, e não só, no Parque dos Poetas. Tributo este que a Guiné-Bissau, até hoje, negou ao Vasco Cabral, seu outro Digno filho que outrora foi um dos Presidente do Conselho Mundial da Paz. O que mais a Guiné-Bissau quer dos seus pródigos filhos, afinal? Confesso que também, escutando o desabafo do Poeta, senti o mesmo aperto no coração. Mas como uma vez disse, enquanto o seu país, a Guiné-Bissau, lhe recusa o MERECIDO tributo noutras paragens Ele soma e segue. Cá, na metrópole, o Ernesto Dabo é respeitado, admirado e acariciando. Eu vi e senti isto!

Notas solta

Se quiserem derrotar o PAIGC, nas urnas, o caminho é desconstruir sua narrativa. Pelos anos de estrada política já enraizou sua base no nosso tecido político e social por isso desconstruí-lo não passa por afronta-lo, porém só vai atiçar o espírito de solidariedade militante, algo que tem experiência em aproveitar. Eu acredito que desconstruir sua narrativa através argumentos políticos consistente, conteúdo credível que se possa ser traduzido no programa de governação e dar exemplos de conduta política e social melhores, podem ser o bom começo. Mas infelizmente nenhum dos seus adversários diretos representam esse potencial, todos eles se revêem no PAIGC para atuar, ou seja copiam-no ou vivem tentando dar respostas as suas abordagens, e o pior todos eles são como ele. Ninguém vence ninguém “seguindo” seus passos! Pensem, definem, estruturem e debatem! Atenção, debater não é “purfia”. Se quiserem ganhá-lo têm que argumentar melhor que ele.